terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O Canteiro de Obras - Parte II

O Canteiro de Obras

Agora que já conhecemos o procedimento de preparação do terreno, é que entramos no canteiro de obras. O Canteiro consiste no conjunto de "áreas destinadas à execução e apoio dos trabalhos da indústria da construção, dividindo-se em áreas operacionais e áreas de vivência". (NBR - 12284)

Após a limpeza e movimentação de terra, deve ser preparado o canteiro, de acordo com as necessidades do desenvolvimento da obra. Nele devem constar: ligações de água e energia elétrica; distribuição de áreas para materiais a granel não perecíveis; construções (almoxarifado, escritório, alojamento, refeitório e sanitário); distribuição de máquinas; circulação; trabalhos diversos.

Quando há rede de água na via pública para ligação da água, é necessária a construção de um cavalete com registro, obedecendo às normas locais. A localização deve ser (no máximo) a 1.50m da entrada do lote, de fácil acesso para inspeção, de simples percurso entre o cavalete e os reservatórios, e com distância máxima de 7.00m do portão de entrada.

Se não há rede de água na via pública e proximidades, o abastacimento de água será através da abertura de um poço de água ou de uma cisterna. O tipo de poço é definido de acordo com a camada do solo em que a água se encontra, podendo ser arteziano, semi-arteziano ou lençol freático.

Para a ligação elétrica, deve ser encaminhado à concessionária uma solitação de estudo e orçamento, uma planta da futura edificação com o endereço da obra, a potencia a ser instalada no canteiro e a potência do maior motor empregado. Deve ser esclarecido se a ligação é provisória, e aérea ou subterrânea. Além disso, é necessária a preparação da instalação para o recebimento da ligação.

Para os materias serão designados locais para armazenamento, os quais suas dimensões são definidas de acordo com a quantidade e característica de cada um. Os materiais não-perecíveis são: a areia, as pedras britadas, os tijolos, as madeiras e os ferros. Na obra também existem outros materiais (azulejos, conexões e tubos em ferro galvanizado, etc.) que são armazenados dentro da própria obra, devido ao alto custo em relação aos citados anteriormente.

Os materiais identificados como perecíveis são o cimento e a cal, devido ao fato de que têm suas características físicas e químicas alteradas se entram em contato com intempéries. É necessária a construção de um armazém adequado para que estes sejam guardados com cuidado e proteção de ameaças externas.

No canteiro de obra também serão construídos: um almoxarifado e um escritório onde as suas dimensões variam de acordo com o volume da obra, é importante que no escritório haja uma mesa para leituras de plantas, e arquivos para documentos como notas fiscais e cartões de ponto; alojamentos para os operários; refeitório que suporte cerca de uma pessoa por 1.00m²; e sanitários com área mínima de 1.50m² para vaso e chuveiro (em média uma unidade para cada 15 operários).

Não há critério para distribuição de máquinas, elas devem ser posicionadas em função da localização dos depósitos de circulação mínima possível, considerando seu abastecimento e o transporte para o local da aplicação do material que foi preparado na máquina em questão.

A circulação no canteiro de obra varia de acordo com o tipo de desenvolvimento da obra. Aquelas que se desenvolvem horizontalmente, como na imagem abaixo, precisam de grandes áreas de circulação para distribuição e aplicação dos materiais. Já as obras verticais, possuem grandes áreas construídas em terrenos pequenos. O canteiro é concentrado, exigindo o mínimo de circulação, e a construção se dá verticalmente.

Deverão ser construídos andaimes bem firmes e bem escorados, a uma altura que permita o trabalho, a mobilidade e o acesso de pessoas e materiais. Para grandes pés-direitos, são aconselhados os andaimes tubulares metálicos. Os externos serão construídos com os devidos cuidados observando-se as amarrações das tábuas, não devendo haver emendas entre estas. É preciso o contravento a 45º, sempre com guarda-corpo. Os andaimes suspensos, ou balancins, precisam ser perfeitamente fixados no pavimento superior, com proteções, catracas e cabos em perfeito estado de conservação. Em zonas urbanas de grande movimento de pedestres, e de acordo com os códigos e posturas de cada município, para evitar a queda de materiais no passeio, o edifício passará por encaixotamento com tábuas alternadas. A torre para elevação ou guincho pode ser em madeira ou tubos de aço, devem localizar-se o mais equidistantes possível dos pontos de distribuição dos materiais, é necessário bastante atenção às amarrações à estrutura, evitando assim oscilações.

Checklist - Canteiro Seguro

Segue abaixo, uma lista de itens importantes para garantir a segurança dos trabalhadores, sintetizando tudo que foi dito anteriormente:

>>Ligações de água, energia elétrica, esgoto e telefone.

>>Localização e dimensionamento das áreas de vivência (sanitários, vestiários, alojamento, local de refeições etc.).

>>Localização e dimensionamento, em função do volume da obra, das áreas para armazenamento de materiais a granel (areia, brita, etc.).

>>Localização e dimensionamento das centrais de: massa (betoneiras), minicentral de concreto (quando houver), armação e fôrma, serra circular, pré-montagem de instalações, soldagem e corte a quente, entre outras.

>>Localização e dimensionamento dos equipamentos de transporte de materiais e pessoas (grua, elevador de transporte de materiais, elevador de passageiros).

>>Tapumes ou barreiras para impedir o acesso de pessoas estranhas aos serviços.

>>Verificação das diversas interferências com a comunidade e vice-versa.

>>Análise cronológica da instalação do canteiro e das atividades de máquinas e equipamentos fixos, para determinar, com antecedência, sua disposição e construção.


Referências:
AZEREDO, Hélio. O Edifício Até Sua Cobertura. 2ª Edição. São Paulo: Editora Edgard Blücher.
Manual de Procedimentos para Implantação e Funcionamento de Canteiro de Obras, de Edison da Silva Rousselet.
Fotos: Obra do Centro de Tecnologia da UFPB, em DEZ/2009.
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