quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

E o Bambu?

As ligações entre as peças estruturais de bambu tem sido tema recente para pesquisas, visto que é uma forma de viabilizar esse material em obras destinadas à habitação, principalmente. Você já se perguntou como são feitas essas ligações?


RECOMENDAÇÕES


Antes de partir pra os tipos de ligações, há algumas recomendações que devemos saber. O bambu tem baixa resistência ao cisalhamento, o que deve ser considerado no desenho das juntas. A presença dos nós nas ligações aumenta em 50% a resistência ao cisalhamento ao longo das fibras.


Outro aspecto que deve ser conhecido é que em cada um dos extremos das peças envolvidos nas ligações deve-se coincidir a existência de um nó. Caso contrário, as cargas verticais transmitidas neste apoio podem causar um esmagamento das peças, comprometendo as ligações. Porém, não sendo possível a coincidência dos nós em cada extremidade das peças, pode-se optar pela utilização de um segmento em madeira ou mesmo um nó de bambu, de mesmo diâmetro em seu interior.

Em nenhuma hipótese deve-se fazer cavas nas vigas, pois devido à predominância de fibras verticais no bambu, estas vigas facilmente se romperiam. Os encaixes devem ser realizados apenas em peças verticais.


TIPOS DE LIGAÇÕES


Peças Parafusadas

O bambu não resiste às pregações, devido a sua constituição basicamente composta por fibras paralelas muito longas, com densidade específica muito alta, principalmente nas paredes externas, com grande tendência ao fendilhamento (Vão se acostumando com essas expressões...). As ligações mais indicadas, por proporcionar maior estabilidade, são as parafusadas, pois há um corte das fibras, sem o afastamento entre elas, evitando, assim, as fissuras.


A grande vantagem desse tipo de ligação é permitir ajustes de acordo com a trabalhabilidade do material em relação às variações da umidade relativa do ar, ou ainda, do término do processo de secagem de peças utilizadas, não devidamente secas. É comum o uso de peças cilíndricas de madeira no interior do bambu. No entanto, essa solução não é satisfatória no sentido de impedir uma produção padronizada e industrializada, devido à variação do diâmetro interno das peças.


Em alguns casos, é feita a injeção de concreto nos entrenós que fazem parte das ligações, ou seja, somente nos segmentos que serão parafusados. A ligação entre as peças, nesse caso, consiste na abertura de um orifício na parte superior do colmo de bambu parafusado, onde, após o término do travamento de toda a estrutura, é injetado o concreto. Esta ligação é citada em várias bibliografias por possuir execelente desempenho na aplicação estrutural do bambu.


Peças amarradas

Pouco eficiente, porém muito utilizada, as ligações realizadas apenas com cordas e arames não possuem rigidez satisfatória para a utilização como estruturas, pois o bambu possui um alto índice de retrabilidade.


Desta maneira, para aumentar a rigidez nas ligações amarradas, recomenda-se a utilização simultânea de cavilhas de madeira, parafusos ou conexões metálicas para distribuir as forças aplicadas e evitar a torção na ligação. A técnica utilizada para se obter maior ajuste nas amarrações consiste no umedecimento das tiras de bambu, cordas de coco ou sisal antes de serem amarradas. Pode-se encontrar ainda amarras com outros tipos de materiais que garantam a estabilidade da peça, como, por exemplo, a estrutura d onde foram utilizados fios de aço retorcido, associados à borracha de silicone.


Peças encaixadas

Dotado de uma resina natural protetora, o bambu possuí uma superfície extremamente deslizante, o que dificulta o travamento das ligações. Desta maneira, várias formas de usinagem foram adotadas para evitar a movimentação das peças.


A maneira mais simples de ligar segmentos de bambu é pela sobreposição de colmos usinados de forma côncava, permitindo a fixação da peças que permanecem em sua forma roliça. Os cortes devem ser feitos sempre o mais próximo a um nó possível, aumentando, assim, a resistência da peça e evitando fissuras. Os entalhes devem ser feitos somente nas peças verticais para evitar a ruptura por cisalhamento.


Referências:

CARDOSO JUNIOR, Rubens. Arquitetura com Bambu. Rio de Janeiro: Agosto,2000.

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